quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Mês da Fotografia e Fhox on the Road promovem encontro com o fotógrafo Maurício de Paiva

Nesta quarta-feira (9) o fotógrafo Maurício de Paiva vai participar de conversa informal sobre sua experiência na fotografia e sobre o futebol na Amazônia no auditório do Hotel Nacional, a partir das 19h30. O fotojornalista e documentarista fez inúmeras viagens à região amazônica para dar vida à representação imagética presente no livro Futebol na Amazônia, imagem e alarido. 

Fotos Maurício de Paiva


Com textos do jornalista Thiago Medaglia, o livro vai além do esporte e revela os hábitos de vida de um povo acostumado com o vai e vem das águas na maior floresta tropical do mundo. 



Maurício também é autor de livros como Amazônia Antiga – arqueologia no entorno (2009). Ganhou Prêmio Abril de Jornalismo pela reportagem Amazônia ano 1000 e expôs fotos no Denver Art Museum e na COP 16, no México. 


Neste ano o fotógrafo foi um dos vencedores do 5º Prêmio Sebrae de Jornalismo, na categoria Menção Honrosa de Fotojornalismo, pelas imagens produzidas para a reportagem Os bons frutos da economia verde, publicada na edição de Junho de 2012 de National Geographic Brazil. Ele também assina um blog onde conta um pouco das suas experiências em fotografia pelo Brasil: http://viajeaqui.abril.com.br/national-geographic/blog/mauricio-de-paiva/

Aproveitando a estada do fotógrafo em Brasília, o blog do Mês fez três perguntas sobre o tema da palestra desta noite. Confira abaixo:

Mês da Fotografia – Você já tinha um livro sobre a região amazônica. Como surgiu a ideia de fazer um registro sobre futebol na região? O que neste tema te chamou mais a atenção? 

Maurício de Paiva – O que me chama a atenção no tema do futebol não é ele propriamente! É o que o esporte narra como manifestação cultural dos amazônidas. A natureza impera e dita as marés nas beiras dos rios, igapós e afluentes. O futebol, neste projeto que avança, é mais um vertente sob ótica da cultura. No meu outro livro "Amazônia antiga arqueologia no entorno", onde acompanhava pesquisas arqueológicas e documentava os modos de vida dos ribeirinhos em cima – literalmente – e em torno dos sítios arqueológicos, comecei a reparar nos jogos como atitudes de desforra, de lazer, de organização social, e isso faz parte da parte milenar das populações e ocupações nas calhas dos rios. Além disso, o futebol reflete muitas coisas híbridas do momento, a mim, os olhos ao futebol globalizado – mesmo em lugares recônditos e impérios d'águas –, ao futebol amador e às peladas, principalmente. Pelada vem de 'péla', pelota de borracha e isso, no mínimo, remete a tempos do ciclo da borracha na Amazônia, o extrativismo (os extrativistas são os "meus" personagens e atletas de alguma maneira). 

Mês da Fotografia – Como foi o processo de registro das fotos do livro Futebol na Amazônia? Como você trabalha nesses casos? Houve alguma resistência dos indígenas, por exemplo? 

Maurício de Paiva – O processo é apenas fazer parte do cotidiano dos extrativistas e modos de vida, coisa que, afinal, o estudo arqueológico também tem como primazia e eu bebo nesta fonte de pesquisa. O processo é se embrenhar nas comunidades (eu não convivo com indígenas e em aldeias particulares; neste projeto salvo uma ou outra experiência em Oiapoque ou no rio Amazonas, no rio Negro, mas não está agregado a este trabalho) e entender como eles se veem, como o jogo reinventado e reapropriado junto à monção da natureza é direcionado e vivido. E tentar ser parte deste processo, ser olho e ser. A resistência pode acontecer quando um "estrangeiro" - nós sulinos sempre seremos! - chega numa comunidade de caboclos, pescadores e coletores, etc., e não se apresenta nem deixa claro sua seriedade. 

Mês da Fotografia – Para um fotógrafo iniciante, que queira seguir carreira na área, qual dica você daria? Qual a qualidade que você considera mais importante em sua opinião?

Maurício de Paiva – Pesquisar muito, ler, estudar como subsídio e alimento uma temática. E demonstrar dignidade na aproximação das pessoas quando se faz um ensaio, fotoreportagem, etc. 

Serviço
National Geographic Brasil – Maurício de Paiva (SP)

Data/Hora: 09/10 - 19h30
Local: Auditório do Hotel Nacional – entrada gratuita

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